O que a entrada dos EUA na guerra do Oriente Médio pode desencadear?
Nação mais proeminente do mundo em diversos termos, os EUA também são uma das grandes forças militares e de armamentos nucleares, existentes no mundo.
Trump, que anunciou ter destruído bases de desenvolvimento de armamento nuclear do Irã no dia 21 deste mês, fez algo diferente militarmente e politicamente, do que fez com a Síria em 2016, quando atacou alvos ligados ao governo sírio, que estava sob o regime do então presidente Bashar Al-Assad (atualmente exilado na Rússia).
A ação militar que bombardeou as três instalações do Irã, que ocorreu logo após a adesão dos EUA à guerra, ao lado de Israel, denota um recado muito mais contundente e de proporções muito superiores ao que ocorreu com a Síria em 2016.
No caso da Síria, Trump atacou sob o pretexto de que o regime que a governava, teria realizado ataques contra a própria população síria. Não existia uma guerra entre nações naquele episódio isolado ( era a população contra o governo de Al-Assad ). A atitude dos EUA, de atacar naquele momento, não ensejou nenhuma escalada de tensão global entre nações, pois naquele episódio não existia outra nação envolvida diretamente, era Síria contra Síria, ou de forma mais inteligível, o governo da Síria contra a população síria.
- Ainda que no episódio da Síria em 2016, houvesse outras nações que repudiaram a atitude dos EUA, como a Rússia de Vladimir Putin, elas nada fizeram, pois como já esclarecido, não era um conflito entre nações.
Entretanto, no cenário atual, temos uma diferença gritante e que pode dar margem à grandes escaladas de tensão: O possível interesse de outras potências em usufruírem deste ato dos EUA, na guerra Israel-Irã.
Veja bem, alguns podem pensar que outros países podem querer entrar nessa guerra no atual momento. Porém, não existem indícios que baseiem tal atitude, no contexto atual.
Outras grandes potências militares e de armamentos nucleares relevantes, como a China e a Rússia, têm interesses próprios em outros territórios, dos quais também são antagônicos aos EUA, nesses interesses, que por si só, podem desencadear conflitos.
Posto isto, não parece ser crível que a China vá entrar numa guerra de outra nação, sendo que não está satisfatoriamente posicionada, em termos militares, na nação que realmente lhe interessa: Taiwan.
Se a China pudesse, anexaria Taiwan para ela hoje. Porém, como Taiwan se nega, existe o risco de um conflito armado naquela região, assim como a Rússia, na região da Ucrânia.
E a Rússia, outra potência em armamento nuclear, por sua vez, está com seus próprios problemas com a guerra da Ucrânia, que dura muito mais tempo do que Putin imaginara. Isso, inegavelmente, o desgastou, perante a população russa e também perante o mundo.
E sobre a Rússia "da porta de casa para dentro", a situação do país não está nada boa. Por conta da longa guerra com a Ucrânia e as dificuldades econômicas internacionais que fizeram com que a economia russa já estivesse fragilizada antes da guerra, o povo russo está enfrentando os dissabores amargos das dificuldades econômicas de se financiar uma guerra, com a economia previamente em dificuldades.
E não nos esqueçamos dos problemas que a China possui com Hong Kong, que não fora solucionado até o momento.
Tudo isso nos leva a crer que esses dois países não entrarão na guerra entre Israel e Irã NESTE MOMENTO.
E sobre a Coreia do Norte: Ela não chega a ser uma potência de armamento nuclear como China e Rússia, atualmente. E ela também tem seus problemas e interesses na Coreia do Sul. Dificilmente lutaria a guerra de outro país no presente momento, principalmente estando distante, como o Irã está.
"Então o mundo está seguro agora?" Alguns podem se perguntar. Eu questionaria: E quando ele foi seguro?
O ataque dos EUA às instalações do Irã no dia 21, pode servir de pretexto para que outras nações façam o mesmo em seus próprios conflitos de interesse.
E isso por si só, já escalará as tensões entre as nações com armamentos nucleares.
E se a guerra no Oriente Médio ficar mais intensa, de modo a ocorrer uma prevalência de Israel e os EUA, que enseje um êxodo dos iranianos ou outro país que venha a se envolver, para os países vizinhos - e consequentemente, afetem as populações e economias dos mesmos - aí sim poderemos ver um motivo sólido para a entrada de Rússia ou China na guerra ao lado do Irã ou outra nação que tambem esteja contra Israel/EUA.
- Rússia, economicamente já fragilizada, não conseguiria receber muitos imigrantes oriundos de guerra.
- China, regime fechado e que beira a crises geradas internamente ( como o caso da Ervergrande e os problemas com Hong Kong ), também dificilmente receberia imigrantes nesse estado.
A política do medo é, surpreendentemente, o que está evitando a escalada do conflito. O medo de perderem nos próprios locais de interesses, pode fazer com que países-chave não entrem na guerra contra Israel, por hora. Entretanto, caso sejam forçadas a se posicionar diante de uma situação de acolhimento de imigrantes de guerra ( ou da possibilidade de ter que enfrentar essa situação ), uma escalada na guerra Israel-Irã ( ou de outro país contra Israel ) poderia ocorrer a partir de então.
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